19 de jun. de 2012

Conto de Mistério

UM CRIME QUASE PERFEITO - Robert Arlt

            As alegações dos três irmãos da suicida foram checadas. Não tinham mentido. O mais velho, Juan, permanecera das cinco da tarde até a meia-noite (a senhora Stevens se suicidou entre sete e dez da noite) detido numa delegacia, por sua imprudente participação num acidente de trânsito. O segundo irmão, Esteban, estivera no povoado de Lister desde as seis da tarde daquele dia até as nove do seguinte. Quanto ao terceiro, doutor Pablo, ele não se afastara em nenhum momento do laboratório de análise de leite da Cia. Erpa, mais exatamente do setor de doseamento da gordura.
            O curioso é que, naquele dia, os três irmãos tinham almoçado com a suicida, comemorando seu aniverśario, e ela, por sua vez, em nenhum momento deixara entrever uma intenção funesta. Todos comeram alegremente e, às duas da tarde, os homens se retiraram.
            Suas declarações coincidiram em tudo com as da criada que, desde muitos anos trabalhava para a senhora Stevens. Essa mulher, que não dormia no emprego, às sete da noite foi para casa. A última ordem que recebeu foi a de dizer ao porteiro que trouxesse o jornal da tarde. Às sete e dez o porteiro entregou o jornal à senhora Stevens, e o que fez esta antes de matar-se pode ser presumido logicamente. Revisou os últimos lançamentos da contabilidade doméstica, pois a livreta estava na mesa da copa, com os gastos do dia sublinhados. Serviu-se de uísque com água  e nessa mistura deixou cair, aproximadamente, meio grama de cianureto de potássio. Pôs-se a ler o jornal, depois bebeu o veneno e, ao sentir que ia morrer, levantou-se, para logo tombar no chão atapetado. O jornal foi achado entre seus dedos contraídos.
            Tal foi a primeira hipótese, construída a partir de um conjunto de coisas pacificamente ordenadas no interior da residência, mas esse suicídio estava carregado de absurdos psicológicos e não queríamos aceitá-lo. No entanto, só a senhora Stevens podia ter posto o veneno no copo. O uísque da garrafa não continha veneno. A água misturada também era pura. O veneno, claro, podia estar no fundo ou nas paredes do copo, mas esse copo tinha sido retirado de uma prateleira onde havia uma dúzia de outros iguais: o eventual assassino não havia de saber qual copo a senhora Stevens escolheria. De resto, o laboratório da polícia nos informou que nenhum copo tinha veneno em suas paredes.
            A investigação não era fácil. As primeiras provas – provas mecânicas, como eu as chamava – sugeriam que a viúva morrera por suas próprias mãos, mas a evidência de que, ao ser surpreendida pela morte, estava distraída na leitura do jornal, tornava disparatada a ideia de suicídio.
            Essa era a situação quando fui desligado por meus superiores para continuar a investigação. A informação de nosso laboratório era categórica: havia veneno no copo que a senhora Stevens usara, mas a água e o uísque da garrafa eram inofensivos. O depoimento do porteiro era igualmente seguro: ninguém visitara a senhora Stevens depois que lhe entregara o jornal. Se após as diligências iniciais eu tivesse concluído o inquérito optando pelo suicídio, meus superiores nada teriam objetado. Porém, concluir o inquérito  nesses termos era  a confissão de um fracasso. A senhora Stevens tinha sido assassinada e havia certo indício: onde estava o envoltório do veneno? Por mais que revistássemos a casa, não encontramos a caixa, o envelope ou o frasco do tóxico. Aquilo era eloquente.

Glossário
Funesta: que causa a morte; fatal; mortal.
Cianureto de potássio: poderoso veneno.
Hipótese: suposição, conjetura, pela qual a imaginação antecipa  conhecimento, com o fim de explicar ou prever a possível realização de um fato.
Evidência: indicação; indício; sinal; traço.
Eloquente: aquele ou aquilo que é convincente; persuasivo.

1)      Reflita sobre o título do conto: Um crime quase perfeito. O que seria um crime quase perfeito?
Um crime quase perfeito é aquele cuja autoria não se consegue provar.

2)    Qual é o nome da vítima?
Senhora Stevens.
3)    De acordo com o que o narrador nos conta sobre o depoimento das testemunhas e sobre os vestígios encontrados na residência da vítima, reconstitua suas ações nos momentos anteriores à sua morte.
Era dia de seu aniversário. Ela almoçou com seus três irmãos.a empregada foi embora às 19h. às 19h10, o porteiro entregou-lhe o jornal. Ela revisou alguns itens da contabilidade doméstica. Depois começou a ler o jornal. Tomou uísque com água e veneno e pôs-se a ler até começar a sentir-se mal.

4)    Quais foram as últimas pessoas que viram a vítima antes do crime?
A criada e porteiro.

5)    Quem nos narra todo o caso? Reescreva um trecho que comprove sua resposta. Se o trecho selecionado deixar dúvidas, complemente sua resposta com uma explicação.
Quem nos conta um caso é um policial, detetive ou inspetor da polícia. “Essa era a situação quando fui designado por meus superiores para continuar a investigação. A informação de nosso laboratório era categórica”.

6)    Qual é a primeira hipótese apresentada para a morte da senhora Stevens? Por que o narrador crê que ela é disparatada?
Hipótese de suicídio. O narrador crê que essa hipótese é disparatada porque a Sra. Stevens não parecia ter provocado a própria morte e o envoltório do veneno não foi encontrado.

7)    “Envoltório” é tudo aquilo que serve de recipiente para guardar, conservar ou proteger alguma coisa. Quais são as outras três palavras presentes no texto que poderiam substituir o termo “envoltório”?
Caixa, envelope e frasco.

8)    A ausência de veneno nos outros copos do armário reforça a ideia de assassinato ou de suicídio?
De suicídio.

9)    Por que encontrar o envoltório original do veneno seria uma peça fundamental da investigação policial?
O envoltório do veneno poderia indicar quem foi a última pessoa a manuseá-lo, pelas impressões digitais, por exemplo.

10) Na sua opinião, o que aconteceu com a vítima? Por quê?  Resposta pessoal.

9 de jun. de 2012


A última crônica
Fernando Sabino

A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade estou adiando o momento de escrever. A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num acidente doméstico, torno-me simples espectador e perco a noção do essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: "assim eu quereria o meu último poema". Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica.
Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se, numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se acrescentar pela presença de uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa balançar as perninhas curtas ou correr os olhos grandes de curiosidade ao redor. Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da sociedade. Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome.
Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um pedaço de bolo sob a redoma. A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os lados, a reassegurar-se da naturalidade de sua presença ali. A meu lado o garçom encaminha a ordem do freguês. O homem atrás do balcão apanha a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho - um bolo simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia triangular. A negrinha, contida na sua expectativa, olha a garrafa de Coca-Cola e o pratinho que o garçom deixou à sua frente. Por que não começa a comer? Vejo que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e brilhante, retira qualquer coisa. O pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também, atenta como um animalzinho. Ninguém mais os observa além de mim.
São três velinhas brancas, minúsculas, que a mãe espeta caprichosamente na fatia do bolo. E enquanto ela serve a Coca-Cola, o pai risca o fósforo e acende as velas. Como a um gesto ensaiado, a menininha repousa o queixo no mármore e sopra com força, apagando as chamas. Imediatamente põe-se a bater palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: "Parabéns pra você, parabéns pra você..." Depois a mãe recolhe as velas, torna a guardá-las na bolsa. A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com ternura - ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao colo. O pai corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebração. Dá comigo de súbito, a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido - vacila, ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso.
Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso."
Crônica publicada no livro "A Companheira de viagem" (Editora Record, 1965)
Questão 1
Crônica vem do grego  Chrónos —  registros de fatos comuns, feitos em ordem cronológica.
Dentre as características da crônica citadas abaixo, assinale a opção INCORRETA.
(A) Não compreensão do circunstancial, do episódico.
(B) Participação do escritor como espectador.
(C) Captação de aspectos humanos na vida diária.
(D) Busca do pitoresco, do insignificante no cotidiano de cada um.
(E) Percepção da essência de um fato.
Questão 2
Assinale a opção que reflete a temática do texto de Fernando Sabino.
(A) o autor não traduz o sentimento de quem escreve e gosta de escrever.
(B) O texto é livre, solto e capaz de prender a atenção do leitor, mesmo quando o assunto não é a própria dificuldade casual de escrever.
(C) O texto apresenta a inquietação que o processo de escrita provoca no autor.
(D) O texto retrata a falta de humildade dos personagens. 
(E) O texto é tratado numa sequência atemporal de ações.
Questão 3
No texto, não é a carência de recursos que se destaca no trio e sim a grandeza dos sentimentos que há entre os personagens. Assinale a passagem que comprova essa afirmativa.
(A) “A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se acentuar pela presença de uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido (C) “O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um pedaço de bolo sob a redoma”.
(D) “Vejo que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa a um discreto ritual”.
(E) “A mulher está olhando para ela com ternura —  ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao colo”.
Questão 4
O cronista utiliza no texto a metalinguagem, ou seja, retrata o próprio ato de escrever, criar e fazer literatura. Assinale a opção que comprova essa afirmativa.
(A) “Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da sociedade”.
(B) “Na realidade estou adiando o momento de escrever”.
(C) “Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome”.
(D) “Passo a observá-los”.
(E) “A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão”.
 Questão 5
“Assim eu quereria a minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso”. O último parágrafo faz alusão ao primeiro, ou seja,
(A) o autor retrata a capacidade de reflexão e perplexidade diante da situação vivida pelos negros.
(B) a relação entre os parágrafos se faz apenas por uma vaidade do autor.
(C) o objetivo foi atingido, fazendo menção à simplicidade do cotidiano.
(D) a riqueza das atitudes e a cumplicidade da família resgataram a idealização do narrador.
(E) o narrador conquistou o objetivo, resgatando o singelo através de um sorriso puro como de uma criança.
 Questão 6
Assinale a opção que apresenta a noção de reciprocidade expressa por um pronome pessoal oblíquo sublinhado.
(A) “Ao fundo do botequim, um casal de pretos acaba de sentar-se (...)“.
(B) “(...) uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa (...)”.
(C) “O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom, inclinando-se para trás (...)”. 
(D) “Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo”.
(E) “De súbito, dá comigo a observá-lo, nossos olhos se Encontram (...)”.
Questão 7
Chama-se derivação imprópria ou conversão a um tipo de formação de palavra. Assinale a  opção em que esse tipo de derivação encontra-se sublinhado.
(A) “Na realidade estou adiando o momento de escrever”. 
(B) “A mulher suspira, olhando para os lados, a reassegurar-se da naturalidade”.
(C) “Imediatamente, põe-se a bater palmas (..)”.
(D) “(...) muito compenetrada, cantando num balbucio, a que (...)“ .
(E) “(...) ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e (...)“.
 Questão 8
Considerando-se a colocação pronominal, assinale a opção que apresenta a possibilidade de deslocamento do pronome átono.
(A) “O homem atrás do balcão apanha a porção de bolo com a mão, larga-o no pratinho (. . .)” 
(B) “O pai se mune de uma caixa de fósforos (...)”.
(C) “(. . .) quer nas palavras de uma criança ou num acidente doméstico, torno-me simples espectador (...)”.
(D) “Vejo, porém, que se preparam para algo mais (...)”. 
(E) “Ninguém mais os observa além de mim”.
Questão 9
Assinale a opção que apresenta a forma verbal na terceira conjugação.
(A) “(...) torno-me simples espectador (...)”.
(B) “(...) e perco a noção do essencial”.
(C) “O pai se mune de uma caixa (...)”.
(D) “Vejo, porém, que (...)”.
(E) “Três seres esquivos que compõem (...)”.
Questão 10
Assinale a opção em que o período NÃO é construído de orações coordenadas
(A) “Nesta do ocidental, quer num flagrante de esquina, quer nas., palavras de uma criança ou num acidente doméstico, o—me simples espectador e perco a noção do essencial”.
(B) “Não sou poeta e estou sem assunto”. 
(C) “Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se, numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede de espelhos”.
(D) “O pai se mune de uma caixa de fósforo, e espera”. 
(E) “A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo”.
 Questão 11
 Assinale a opção INCORRETA ao se substituir a expressão sublinhada pelo pronome pessoal adequado.
(A) “Visava ao circunstancial , ao episódico “ — Visava-lhe. 
(B) “Não sou poeta (. . .)“ — Não o sou.
(C) “(. . .) mal ousa balançar as perninhas” — mal ousa balançá-las.
(D) “A meu lado o garçom encaminha a ordem” - A meu lado o garçom a encaminha.
(E) “A negrinha agarra finalmente o bolo (.. .)“ - A negrinha finalmente o agarra.
Questão 12
“A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos  sôfregas  e põe-se a comê-lo”. A palavra sublinhada quer dizer
(A) sofridas.
(B) estendidas.
(C) desesperadas.
(D) ávidas.
(E) devoradoras.
Questão 13
Quanto à sintaxe de regência, assinale a opção que apresenta um verbo intransitivo.
(A) “O pai se mune de uma caixa de fósforos (..)”.
(B) “A atenta como um animalzinho”. 
(C) “Ninguém mais observa, além de mim”.
(D) “São três velinhas brancas que a mãe espeta caprichosamente (...)“.
(E) “A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas (...)”.
Questão 14
Assinale a opção em que a acentuação da palavra sublinhada no período se justifica por uma regra diferente das outras.
(A) “(.. .) curvo a cabeça e tomo meu café (...)“.
(B) “Vejo, porém, que se preparam para algo (. . .) “.
(C) “(.. .) e depois se afasta para atendê-lo”. ., 
D) “A mãe limita-se a ficar imóvel (...)”.
(E) “O homem atrás do balcão (...)”.

Questão 15
 Assinale a opção em que a expressão sublinhada é um aposto.
(A) “Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da sociedade”.
(B) “A mãe limita-se a ficar imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom”.
(C) “Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo”.
(D) “A negrinha,  contida na sua expectativa, olha a garrafa de coca-cola e o pratinho que o garçom deixou à sua frente”.
(E) “O pai corre os olhos pelo botequim,  satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebração”.  
Questão 16
 Assinale a opção que o autor, na crônica, expressa um fato em um passado recente, por meio de uma locução verbal.
(A) “Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se (...)”.
(B) “A mãe limita-se a ficar olhando imóvel (....)“.
(C) Por que não começa comer?”.
(D) “Imediatamente põe-se a bater palmas muito compenetrada, cantando (...)”.
(E) “A mulher esta olhando para ela com ternura (...)“.
 Questão 17
 Assinale a opção que apresenta a única circunstância indicada pela expressão adverbial sublinhada que se diferencia das demais.
(A) “Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se (...)”.
(B) “(...) e aponta no balcão um pedaço de bolo sob a redoma”.
(C) “(...) olha a garrafa de coca-cola e o pratinho que o garçom deixou à sua frente”.
(D) “Vejo que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa a um discreto ritual”.
(E) “De súbito, dá comigo a observá-lo, nossos olhos se encontram (...) “.
Questão 18
Em todos os períodos a expressão sublinhada é efetivamente um adjetivo, EXCETO em:
(A) “(...) torno-me simples espectador (...)”.
(B) ”(...) e perco a noção do essencial”.
(C) “(...) numa das últimas mesas de mármore (...)”.
(D) “(...) pela presença de uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha (...)”.
(E) “(...) lanço então um último olhar fora de mim(...)”.
 Questão 19
Assinale a opção que apresenta um período composto.
(A) “Gostaria de estar inspirado (...)”.
(B) “A perspectiva me assusta”.
(C) “Passo a observá-los”.
(D) “Por que não começa a comer?”
(E) “A mulher está olhando para ela com ternura (. . .)“.  
 Questão 20
 Assinale a opção INCORRETA quanto à possibilidade na forma de pontuar a passagem destacada.
(A) “A caminho de casa, entro num botequim da Gávea (...)”.
        A caminho de casa entro num botequim da Gávea (...).
(B) “Ao fundo do botequim um casal de pretos (...)“. 
       Ao fundo do botequim, um casal de pretos (. ..)
 (C) “O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom(...)”.
       Depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, o pai aborda o garçom(...).
 (D) “Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo”.
        Este ouve, concentrado, o pedido do homem e, depois se afasta para atendê-lo. 
 (E) “Vejo que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa a um discreto ritual”.
        Vejo que os três — pai, mãe e filha — obedecem em torno à mesa a um discreto ritual.
Gabarito 1-C      2-C   3-E   4-B   5-C   6-E   7-E   8-B   9-C  10-C  11-A  12-D 13-B 14-D 15-A  16-A  17-E  18-B  19-A  20-A

Interpretação de Texto

COMO NASCERAM AS ESTRELAS

                Pois é, todo mundo pensa que sempre houve no mundo estrelas pisca-pisca. Mas é erro. Antes os índios olhavam de noite para o céu escuro — e bem escuro estava esse céu. Um negror. Vou contar a história singela do nascimento das estrelas. Era uma vez, no mês de janeiro, muitos índios. E ativos: caçavam, pescavam, guerreavam. Mas nas tabas não faziam coisa alguma: deitavam-se nas redes e dormiam roncando. E a comida? Só as mulheres cuidavam do preparo dela para terem todos o que comer.
            Uma vez elas notaram que faltava milho no cesto para moer. Que fizeram as valentes mulheres? O seguinte: sem medo enfurnaram-se nas matas, sob um gostoso sol amarelo. As árvores rebrilhavam verdes e embaixo delas havia sombra e água fresca. Quando saíam de debaixo das copas encontravam o calor, bebiam no reino das águas dos riachos buliçosos. Mas sempre procurando milho porque a fome era daquelas que as faziam comer folhas de árvores. Mas só encontravam espigazinhas murchas e sem graça. — Vamos voltar e trazer conosco uns curumins.(Assim chamavam os índios as crianças.) Curumim dá sorte.
            E deu mesmo. Os garotos pareciam adivinhar as coisas: foram retinho em frente e numa clareira da floresta — eis um milharal viçoso crescendo alto. As índias maravilhadas disseram: toca a colher tanta espiga. Mas os gatinhos também colheram muitas e fugiram das mães voltando à taba e pedindo à avó que lhes fizesse um bolo de milho. A avó assim fez e os curumins se encheram de bolo que logo se acabou. Só então tiveram medo das mães que reclamariam por eles comerem tanto. Podiam esconder numa caverna a avó e o papagaio porque os dois contariam tudo. Mas — e se as mães dessem falta da avó e do papagaio tagarela? Aí então, chamaram os colibris para que amarrassem um cipó no topo do céu. Quando as índias voltaram ficaram assustadas vendo os filhos subindo pelo ar. Resolveram essas mães nervosas, subir atrás dos meninos e eles cortaram o cipó abaixo deles.
            Aconteceu uma coisa que só acontece quando a gente acredita: as mães caíram no chão, transformando-se em onças. Quanto aos curumins, como já não podiam voltar para a terra, ficaram no céu até hoje, transformados em gordas estrelas brilhantes.
            Mas, quanto a mim, tenho a lhes dizer que as estrelas são mais do que curumins. Estrelas são os olhos de Deus vigiando para que corra tudo bem. Para sempre.
            E, como se sabe, “sempre” não acaba nunca.
Clarice Lispector

* Numere os parágrafos.

1) Associe a palavra ao seu significado:
(a) tabas                             (   ) Que nunca está quieto; ativo
(b) enfurnaram                   (   ) colocar em lugar escondido
(c) buliçosos                       (   ) pequeno pássaro com bico fino e longo
(d) viçoso                           (   ) cheio de força
(e) colibri                           (   ) reunião de ocas indígenas

2) Trabalhando o texto:

a) O narrador do texto é:

(   ) narrador personagem      (   ) narrador observador
Justifique com uma frase do 1º parágrafo:

b) Por que as mães índias foram para a mata?

c) Quem ajudou as mães índias na mata a acharem o milharal?

d) Em sua opinião, por que o milho era importante para a tribo?

e) Por que os curumins voltaram para a taba escondidos?

f) Por que os indiozinhos amarraram um cipó no topo do céu?

g) Como os curumins fizeram para amarrar o cipó no topo do céu?
( ) Pediram ajuda as estrelas.
( ) Pediram ajuda as mães.
( ) Pediram ajuda aos colibris.

h) Você concorda com a atitude dos curumins em esconder das mães a atitude deles? Por quê?

3) Escreva outro final para história:

4) Dê a classe gramatical das palavras destacadas:
            “Como castigo, tiveram que olhar fixamente todas as noites para a Terra, para ver o que aconteceu com suas mães. Seus olhos, sempre abertos, são as estrelas.”

5) Marque a alternativa que todas as palavras são proparoxítonas:

a) folha- árvore-milharal (   )
b) árvore- estrelas- índios (   )
c) médico- árvore- matemática (   )

*** Todas as palavras são proparoxítonas porque_________________________________ .

Ensino Religioso

1) Texto para leitura:

Trabalho e entusiasmo

            Numa fazenda, onde havia um pequeno grupo de trabalhadores desmotivados, certo dia chegou um novo trabalhador que se chamava Zé. Ele era um jovem agricultor em busca de trabalho e, como todos que ali moravam, recebeu para morar uma simples e velha casa enquanto trabalhava na fazenda.
            Mas ao ver a casa suja e maltratada, resolveu fazer uma faxina geral. Com parte de suas economias que havia guardado comprou algumas latas de tinta, cuidou da limpeza e, em suas horas vagas, lixou e pintou as paredes da casa com cores alegres, além também de colocar flores nos vasos.
            Os outros companheiros de trabalho sempre lhe perguntavam:
            - Como você consegue trabalhar tão alegre e sempre cantando ganhando tão pouco?
            E o Zé respondia:
            - Bem, este trabalho é tudo que eu tenho. Em vez de ficar reclamando, prefiro agradecer por ele. E esta é uma das maneiras que encontrei de agradecer.
            E todos admirados, pensavam: “Como ele pode pensar desta maneira?”.
            O entusiasmo do Zé, em pouco tempo, chamou a atenção do dono da fazenda, que pensou: “Alguém que cuida com tanto cuidado e carinho da casa que emprestei, certamente cuidará com o mesmo capricho da minha fazenda”.
            O patrão foi então até a casa do Zé, e após tomar um café bem fresquinho, ofereceu ao jovem a posição de administrador da fazenda.
            Seus amigos agricultores, quando souberam da novidade, comentavam:
            - O que faz algumas pessoas serem bem sucedidas e outras não?
            E quando estes comentários chegavam os ouvidos do Zé, ele respondia:
            - A diferença está no entusiasmo e na nossa capacidade de realizar e dar vida nova a tudo que nos cerca, mudando a nossa realidade e a realidade de todos os que estão ao nosso redor.
Fonte: http://sucesso.powerminas.com/texto-motivacional-trabalho-e-entusiasmo/
2) Trabalhando sobre o texto:
a) Em sua opinião, Zé valorizava o trabalho que conseguiu? Justifique:
b) Por que o patrão ofereceu ao Zé a função de Administrador da fazenda?
c) Faz as pessoas serem bem sucedidas no trabalho que realizam:
(    ) desânimo    (    ) entusiasmo    (    ) ter ótimo salário
d) Escreva com suas palavras o que você entendeu por“entusiasmo no trabalho que realizamos”:
e)  A palavra entusiasmo vem do grego “en-theos-asm” que significa “sopro de Deus dentro”. Quando existe entusiasmo, mesmo as tarefas mais chatas e difíceis são realizadas com empenho, dedicação e alegria.
* O ESTUDO é um trabalho que também exige entusiasmo para ser bem sucedido.
   Você tem entusiasmo pelos estudos? Comente:
f) Escreva como você valoriza o trabalho destes profissionais da escola:
professoras-______________________________
coordenadora-____________________________
diretora-_________________________________
porteiro-_________________________________
serventes-________________________________

Análise textual

A CARTOMANTE
MACHADO DE ASSIS

01. Que reação a ida de Rita a uma cartomante provocou em Camilo?
A) Raiva.            B) Decepção.            C) Alegria.            D) Divertimento.            E) Satisfação.

Leia o fragmento abaixo e responda às questões.
“Não queria arrancar-lhe as ilusões. Também ele, em criança, e ainda depois, foi supersticioso, teve um arsenal inteiro de crendices, que a mãe lhe incutiu e que aos vinte anos desapareceram. No dia em que deixou cair toda essa vegetação parasita, e ficou só o tronco da religião, ele, como tivesse recebido da mãe ambos os ensinos, envolveu-os na mesma dúvida, e logo depois em uma só negação total. Camilo não acreditava em nada. Por quê? Não poderia dizê-lo, não possuía um só argumento; limitava-se a negar tudo. E digo mal, porque negar é ainda afirmar, e ele não formulava incredulidade; diante do mistério, contentou-se em levantar os ombros, e foi andando”.                      [12º parágrafo]

02. Segundo o trecho acima, Camilo


A) Ainda criança, preferiu não acreditar em nada.
B) Desde criança desprezava superstições.
C) Diante do desconhecido, preferiu ficar indiferente.
D) Era crédulo, apesar de negar qualquer fé.
E) Negava qualquer envolvimento com religião.



03. Em relação às descrenças de Camilo, há uma opinião do narrador em:
A) “ diante do mistério, contentou-se em levantar os ombros, e foi andando.”
B) “ Camilo não acreditava em nada. Por quê? Não poderia dizê-lo (...)”
C) “ E digo mal, porque negar é ainda afirmar, e ele não formulava a incredulidade”
D) “ No dia em que deixou cair toda essa vegetação parasita, e ficou só o tronco da religião.”
E) “ Também ele, em criança, e ainda depois foi supersticioso”.

04. “ No dia em que deixou cair toda essa vegetação parasita...” , a expressão destacada refere-se a
A) Crendices.            B) Ensinos.              C) Ilusões.              D) Mistério.                E) Religião.

05. “...que a mãe lhe incutiu e que aos vinte anos desapareceram.” , de acordo com o contexto a palavra destacada significa
A) Insinuar.                B) Informar.             C) Indicar.              D) Introduzir.              E) Invocar.

06. Em alguns momentos, o narrador deixa escapar juízos de valor em relação aos personagens e fatos. Podemos observar isso em


A) “ Os dois primeiros eram amigos de infância.”
B) “...onde casara com uma dama formosa e tonta”
C) “ Camilo ensinou-lhe as damas e o xadrez...”
D) “ Era um pouco mais velha que ambos...”
E) “ abandonou a magistratura e veio abrir banca de advogado”



07. Ao receber a primeira carta anônima Camilo deixou de ir com frequência a casa de Vilela pois


A) arrependeu-se da traição.
B) cansou-se da aventura.
C) ficou envergonhado.
D) já não gostava de Rita.
E) queria afastar a desconfiança.



08. Rita procurou a cartomante para saber


A) se o marido ainda a amava.
B) se ficaria com o amado.
C) porque Camilo tinha se afastado.
D) quem Camilo amava de verdade.
E) quem mandava as cartas anônimas.



09. Rita e Camilo consultaram uma cartomante motivados pela
A) insatisfação         B) paixão         C) insegurança          D) fé                     E) orgulho

10. A fraca resistência de Camilo a sedução de Rita é caracterizada no texto pelo trecho


A) “ Camilo quis sinceramente fugir...”
B) “ Ele ficou atordoado e subjugado.”
C) “Camilo ensinou-lhe as damas...”
D) “ ...a batalha foi curta e a vitória delirante.”
E) “ iam juntos a teatros e passeios”



11. De acordo com o narrador do texto, Camilo era um ingênuo na vida moral e prática pois


A) não resistiu a sedução de Rita.
B) ria de quem consultava cartomantes.
C) não tinha experiência nem intuição.
D) entrou no funcionalismo contra a vontade do pai.
E) foi a mãe que lhe arranjou um emprego público.



12. A morte da mãe de Camilo no texto tem um papel fundamental para


A) estreitar a relação de Rita e Camilo.
B) fazer Camilo acreditar em cartomantes.
C) afastar Camilo da casa de Rita e Vilela.
D) Vilela mostrar-se sombrio.
E) Rita procurar uma cartomante.


.
13. A história é repleta de “conversas” que o narrador estabelece com o leitor transformando-o em cúmplice e participante do enredo. Podemos perceber esse recurso em


A) “ Nem por isso Camilo ficou mais sossegado;”
B) “ Camilo ia andando inquieto e nervoso...”
C) “Vilela não lhe respondeu; tinha as feições decomposta;”
D) “ Vimos que a cartomante restituiu-lhe a confiança...”
E) “Um dia, porém, recebeu Camilo uma carta anônima...”



14. Ao perceber as mudanças no comportamento do marido Rita


A) acha melhor que Camilo se afaste.
B) fica mais carinhosa com marido traído.
C) quer que Camilo volte a frequentar sua casa.
D) sugere uma nova ida a cartomante.
E) prefere contar a verdade ao marido.



15. O chamado de Vilela causou estranheza a Camilo porque


A) era mais de meio dia.
B) a letra não parecia com a de Vilela.
C) exigia pressa ao usar a expressão “vem já, já”.
D) era mais natural chamá-lo ao escritório.
E) nada de especial tinha acontecido nos últimos dias.



16. No conto, o personagem de Camilo oscila entre incredulidade, dúvida e credulidade sobre “os mistérios que há entre o céu e a terra”. Revela um momento de credulidadede Camilo o trecho


A) “Não queria arrancar-lhe as ilusões”
B) “...nunca ele desejou tanto crer na lição das cartas.”
C) “...pensou rapidamente no inexplicável de tantas coisas.”
D) “ A senhora restituiu-me a paz de espírito...”
E) “ a ideia de ouvir a cartomante , que lhe passava ao longe...”



17. O fato que motivou  a narrativa foi


A) as cartas anônimas recebidas por Camilo.
B) a mudança de comportamento de Vilela.
C) o bilhete que Vilela enviou para Camilo.
D) a previsão feita pela cartomante para Camilo.
E) O triângulo amoroso Camilo – Rita – Vilela.



18. Ao receber Camilo, a cartomante  posiciona-o na sala de modo que a pouca luz de fora bata em cheio em seu rosto para


A) dificultar a visão dele.
B) observá-lo bem.  
C) deixá-lo confortável.
D) impressioná-lo com a luminosidade.
E) evitar que ele reparasse na sala.


19. De acordo com o narrador, o ar de pobreza da salinha da cartomante
A) era repugnante.  B) causava piedade.  C) provocava respeito. D) elevava a consideração.  E) assustava.

20. No conto, a cartomante era
A) uma justiceira.    B) uma farsante.       C) uma iluminada.       D) uma ingênua.               E) uma arrogante.  




Gabarito: 1.D 2.C 3.C 4.A 5. D 6. B 7. E 8. C 9.C 10.D 11.C 12.A 13.D 14.C 15. D 16.D 17.E 18.B 19.D 20.B

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